Um prêmio em dinheiro pra quem respeita a velocidade
Experiência na Suécia prova que ideias subversivas podem resolver sérios problemas urbanos
Subversão – O pensamento subversivo é a negação do óbvio, do senso comum, dos padrões vigentes. Uma provocação, um jeito diferente de pensar, um olhar diferente para os fenômenos que nos rodeiam. Portanto, um excelente exercício é tentar subverter as coisas que você conhece.
Em 2010, a Speed Camera Lottery (Loteria da Câmera de Velocidade) venceu o concurso The Fun Theory (A Teoria do Divertimento) promovido pela Volkswagen. O concurso desafiava os inventores a resolver um problema social, como o lixo e o respeito aos limites de velocidade. Mas de um jeito divertido.
Quem foi o subversivo?
A Speed Camera Lottery foi projetada por Kevin Richardson, produtor sênior da Nickelodeon. Morando em São Francisco, Califórnia, inspirou-se para criar a ideia depois de ver três crianças atingidas por carros enquanto andava com seus filhos de bicicleta.
“Toda a atenção parece estar nas maçãs podres – as pessoas que estão violando a lei – e ninguém liga para os motoristas que a obedecem”, disse Richardson. Se formos pensar na ideia sob o ponto de vista psicológico, o inventor se deu conta de que as leis de trânsito trabalham exclusivamente com reforço negativo, desprezando o valor e a eficiência do reforço positivo. Sabendo ou não, a Speed Camera Lottery se trata de uma inteligente e criativa aplicação dos princípios da gamificação.
A ideia subversiva
A câmara de velocidade de Richardson era um radar que fotografava tanto as placas dos condutores que respeitavam o limite de velocidade, como as dos que estavam em alta velocidade. Os infratores recebiam em seus lares uma multa e os respeitadores um “bilhete de loteria”. O prêmio foi arrecadado com as multas aplicadas aos infratores. Um motorista bem comportado recebeu um cheque de 3 mil dólares.
O programa foi um sucesso, reduzindo a velocidade média em suas ruas de 32 para 25 km por hora, porém não foi mais utilizado em nenhum outro lugar. Estamos hoje em 2018 e nem mesmo Estocolmo repetiu a experiência. Infelizmente este é o destino de muitas excelentes ideias.