Estes dois personagens emblemáticos para a história brasileira têm uma coisa em comum: uma espécie de maldição que implacavelmente os atingiu e mudou suas biografias. Porém, um detalhe os diferencia.
O rabino
Primeiro, Henry Sobel, o grande rabino, que lutou contra a ditadura, que se aproximou das outras religiões, que oxigenou o judaísmo com ideias novas e mais adequadas aos dias atuais, que por seu grande carisma era conhecido por muitas pessoas de fora da comunidade como uma espécie de representante religioso dos judeus no Brasil. Este currículo invejável, construído ao longo de uma vida, foi para as cucuias por causa de um episódio infeliz causado pelo uso inadequado de remédios. Hoje, o outrora respeitado rabino é lembrado pela maioria das pessoas apenas como um ladrão de gravatas.
O professor
Felipão, por sua vez, também construiu um currículo de grande valor. Vitorioso por onde passou, poderia ter destruído todo seu legado por conta de um trabalho inexplicavelmente equivocado. Tomou decisões que até dona Lúcia, a mulher que escreveu uma carta ao Parreira elogiando o trabalho da comissão técnica na Copa, sabe que foram dignos de um técnico de futebol de várzea estrábico. E o pior: o gaúcho de bigode continuava nos dias seguintes ao 7 a 1 acreditando que foi um grande trabalho.
Por conta deste comportamento inacreditável, a história poderia esquecer-se suas glórias e marcá-lo pelo resto de sua vida como o artífice da maior humilhação do futebol mundial de todos os tempos. Porém, ele conseguiu amenizar os efeitos da catástrofe pessoal construindo novamente uma trajetória vitoriosa na China. Muito vitoriosa, diga-se. Hoje, talvez ele não seja tão execrado no Brasil se o seu trabalho na seleção fosse o último de sua carreira.
Certamente, o rabino Sobel teria sido “perdoado” se após o episódio da gravata a opinião pública tivesse a percepção de que ele continuasse com seu vigoroso trabalho religioso.
O que você pode aprender
A frase “a última impressão é a que fica” também é aplicada à criatividade. No mundo das ideias, o que vale são as últimas. Você pode ter tido milhares de boas ideias durante a sua vida. Mas é a última que vai valer para a insensível e cruel opinião pública. O inverso é a mesma coisa. Um incompetente durante toda a vida será celebrado como um gênio tardio se sua última ideia for festejada pelo senso comum.