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Arquiteto italiano do início do século XX inspirou a cidade de Blade Runner

Antonio Sant’Elia foi um dos principais líderes do movimento conhecido como Futurismo

Antonio Sant’Elia

Temos visto ultimamente muitos futuristas por aí, analisando o progresso tecnológico com o propósito de projetar as possibilidades tecnológicas e comportamentais para os próximos anos. Virou moda se dizer futurista. Mas este ofício não nasceu hoje. Os primeiros futuristas surgiram na Itália num passado longínquo: o início do século passado.

O Futurismo nasceu em 1909, quando o intelectual Filippo Tommaso Marinetti, publicou sua “Fundação e Manifesto do Futurismo” no jornal francês Le Figaro. O movimento durou trinta e poucos anos, até a morte de Marinetti, em 1944. Resumidamente, era um movimento libertário que rejeitava o moralismo e o passado. Como os futuristas atuais, também se preocuparam com a velocidade da evolução tecnológica. Apesar do viés humanista, eram estranhamente defensores da violência em particular e das guerras em geral. O Futurismo infiltrou-se em todas as artes e influenciou vários artistas, principalmente aqueles que depois fundariam outros movimentos modernistas.

Obsessão pela novidade

Antonio Sant’Elia, Housing with external lifts and connection systems to different street levels from La Città Nuova, 1914

Os futuristas se viam como pioneiros forjando uma civilização a partir do zero. Tommaso Marinetti escreveu no Manifesto do Futurismo: “Por que deveríamos olhar para trás, quando o que queremos é derrubar as misteriosas portas do Impossível?”

O arquiteto que, ironicamente, não teve muito futuro

Um dos principais parceiros de Marinetti no movimento foi o arquiteto italiano Antonio Sant’Elia. Morreu aos 28 anos lutando contra as forças austro-húngaras em 1916, numa guerra em que os futuristas particularmente se engajaram. O arquiteto italiano deixou para trás apenas um edifício concluído: a Villa Elisi, em Brunate, na província de Como, Itália.

Qualquer um que tenha visto o filme clássico Metropolis, do Fritz Lang (1927) ou assistido a Harrison Ford caçar replicantes em Blade Runner, do Ridley Scott (1982), já está familiarizado com a visão de Sant’Elia para a cidade do futuro. Seus desenhos influenciaram de forma evidente o visual desses dois filmes, e até hoje, 100 anos após sua morte, o futuro que ele imaginou ainda faz sentido.

Antonio Sant’Elia, Casa a gradinata, 1914. Image via Wikimedia Commons.

Projetado entre 1912 e 1914, o trabalho pelo qual Sant’Elia é mais conhecido nunca foi construido: a Città Nuova, “Cidade Nova” em italiano – que propunha superestruturas semelhantes às máquinas, arranha-céus entrelaçados com passarelas suspensas e viadutos.

Oxigênio para a humanidade

Nos primeiros anos do século XX, as máquinas estavam mudando a maneira como as pessoas viviam, facilitando seu movimento e estimulando a produção industrial em um ritmo acelerado. Os futuristas ficaram entusiasmados com toda  essa velocidade, acreditando que o modo tradicional de vida, e as formas tradicionais de arte e arquitetura, sufocavam o progresso humano; valores claramente percebidos no design de Sant’Elia em sua Città Nuova.

Uma obra interminável

Antonio Sant’Elia, Casa a gradinata con ascensori dai quattro piani stradali, 1914

Sant’Elia acreditava que a função principal de uma cidade na era industrial deveria ser facilitar o movimento de seus habitantes da maneira mais eficiente possível. Para sua Città Nuova, ele propôs três níveis de tráfego de acordo com o veículo e a velocidade: viadutos para pedestres, avenidas para carros e trilhos para bondes. Juntamente com os poços de elevador verticais, estas eram as únicas artérias de tráfego na cidade. Sant’Elia também acreditava que a cidade deveria funcionar em um constante estado de construção. “Precisamos inventar e reconstruir a cidade”, escreveu ele. “Deve ser como um imenso, tumultuoso, vivo e nobre canteiro de obras”.

Seus projetos influenciaram arquitetos e urbanistas ao longo do século XX – o mais famoso foi Le Corbusier, cuja obra Ville Radieuse (“Cidade Radiante”), como Città Nuova, de Sant’Elia, não foi realizada e previa planejamento central, facilidade de transporte e a organização de seus habitantes.

Fonte
Artsy - by Nora Landes
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