Não pode haver Lava-Jato no início do processo criativo
Não se sinta culpado. Para começar a criar ninguém será acusado de destravar o cérebro e produzir pensamentos sem filtro
O primeiro primeiríssimo estágio da criação é botar pra fora tudo o que vier a cabeça, sem julgamento, sem bloqueios, sem se preocupar se é bom ou ruim, “certo” ou “errado”, processo que Henrique Szklo chama de “Criarreia”. Se você fizer qualquer tipo de julgamento neste momento, certamente não conseguira se libertar de seu repertório pessoal, portanto, nem que a vaca tussa vai conseguir gerar ideias realmente novas e originais. Se julgar, seu cérebro ficará preso.
Julgar uma ideia no início do processo criativo é como avaliar um bebê antes de saber que tipo de adulto ele será.
O “errado”, o “ruim”, o “nada-a-ver”, a “idiotice”, o “como-eu-penso-merda” e muitos outros pensamentos limitantes são apenas sinais de que você está confrontando seus padrões, suas crenças. E isso seu cérebro não pode permitir.
O ato de criar é e sempre será um esforço de vontade. Jamais será automático. Você precisa querer criar e portanto irá dispender energia extra. Ou seja, além de tentar proteger nossos padrões adquiridos com unhas e neurônios, o cérebro quer porque quer economizar energia. Então, ele irá resistir a novos pensamentos. Mas não muito. Basta que insistamos um pouco que ele irá abrir a porta para o desconhecido.
O processo criativo é movido à desconforto
O problema é que a maioria das pessoas se convence de que o pensamento é condenável apenas porque sentiu algum tipo de desconforto. E desiste de continuar. Mas são justamente estas coisas que nos incomodam que devemos levar mais em consideração na hora de criar. E atenção! O incômodo não irá desaparecer só porque temos consciência do que está acontecendo em nosso cérebro. Só porque sabemos que é preciso enfrentar o desconforto e continuar, não quer dizer que ele irá sumir. Então, relaxe e crie. Dane-se o desconforto!
Tome pra você o controle da situação e não deixe que o desconforto manipule suas decisões. É a sua Razão quem deve decidir que rumo tomar, independentemente do que o cérebro lhe informar. A capacidade de refletir é o que nos faz diferentes dos outros animais. Então, aproveite e use a seu favor.
“Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela”
Albert Einstein
No início, não se preocupe em acertar. Se preocupe apenas em botar pra fora tudo o que vier à cabeça. Só assim você permitirá que muitos indutores surjam de maneira espontânea e rica em possibilidades. Conforme o processo vá avançando, é natural, e desejável, que seu nível de julgamento também avance. É só no final do processo que você deverá ser mais rígido e criterioso com relação à ideia.
Mas cuidado para não cair na armadilha do cérebro. A insegurança é um termômetro que mede a originalidade de uma ideia. Ela não será necessariamente criativa, mas certamente será original. Como sempre diz o Henrique Szklo. “Na criatividade não existe certeza, apenas esperança”.