Ensinamentos de São Magaiver

A maturidade é inimiga da criatividade

Aquele que considera uma volta simulada à infância como bobagem ou coisa de pessoas imaturas, está a meio caminho da nulidade criativa

Criar é um ato lúdico. Exige liberdade de pensamento e expressão, inexistência de barreiras e padrões, despojamento de suas “verdades” e “certezas”, uma certa irresponsabilidade e imaturidade, tudo embalado em um momento de pura diversão. Se você percebeu, estas são as características usuais que encontramos em crianças de qualquer cultura.

Criar é brincar

É claro que a criatividade na vida adulta não pode ser assim privada de qualquer critério. Diria que o espírito infantil deve estar presente no momento inicial do processo criativo. Naquele começo em que você não tem nada e está apenas tateando em busca de algum caminho palpável.

A palavra lúdico vem do latim ludus: jogo, diversão

Não é porque somos adultos que deixamos de gostar de brincar. Para muita gente, dirigir um carro é um tipo de brincadeira. Você já parou para se perguntar por que os computadores e celulares são tão divertidos? Aqueles ícones coloridos que ao serem pressionados fazem um barulho qualquer seguido de um movimento acrobático para aí sim dar inicio ao aplicativo? Pois é, nada disso seria necessário se não gostássemos de brincar. Uma tela verde com caracteres iguais àqueles dos primórdios da computação seriam mais do que suficientes. A alegoria no mundo digital tem apenas uma função: nos divertir. Cutucar o nosso lado infantil.

Seja criança. Só não seja pequeno

A pessoa que não se permite brincar realmente vai ter sérias dificuldades em desenvolver pensamentos criativos. Aquele que considera uma volta simulada à infância como bobagem ou coisa de pessoas imaturas, está a meio caminho da nulidade criativa. Quem não brinca não cria. Não se esqueça: é a falta de brilho nos olhos é que faz uma pessoa envelhecer.

Meu conselho

Ao dar início ao processo criativo, liberte-se de suas obrigações diante da sociedade e tente resgatar o sentimento de ingenuidade e pureza de sua meninice. E vá “envelhecendo” ao longo do caminho. Vá maturando as ideias e a si mesmo, paralelamente, a medida em que as etapas do processo criativo avancem. Lá no final, você terá boas chances de ter uma ideia realmente criativa. É preciso respeitar a criança que começa todo o trabalho. Sem ela você só ser capaz de produzir mais do mesmo.

Nietzsche disse algo parecido

Se você quiser um complemento mais filosófico do assunto, resumo aqui as “Três Metamorfoses da Liberdade” que Nietzsche definiu em sua obra “Assim Falou Zaratustra”.

“Três metamorfoses do espírito menciono para vós: de como o espírito se torna camelo, o camelo se torna leão e o leão, por fim, criança”.

Na primeira, nos tornamos camelos. Aceitamos nosso destino. Somos nada mais que seres obedientes carregando o peso dos valores de nosso grupo social que nos foram impostos sem que tivéssemos consciência disso. O camelo, ingenuamente, acredita que faz suas próprias escolhas e acredita que sua vida não poderia ser diferente.

O senso comum tem o formato de um imenso dragão que diz “Tu Deves“. O camelo aceita este fardo, com a ilusão de ser livre.

“No mais solitário deserto acontece a segunda metamorfose: o espírito se torna leão, quer capturar a liberdade e ser senhor em seu próprio deserto”.

Um dia, cansamos do peso em nossas costas e nosso espírito se transforma num leão. Ele ainda não é totalmente livre porque não sabe do que exatamente quer se libertar. Ele, selvagem, se revolta e aprende a dizer não aos padrões. Exercita a negação pura e simples, sem compromisso com a reflexão. Este é o início do fim dos velhos valores.

E ao destruir os padrões e crenças antigas, se vê numa posição de dúvida: o que colocar no lugar? O leão ainda não pode criar já que não é livre de fato, é apenas “do contra”.

E chegamos, pois, à terceira metamorfose. Iremos começar do zero, construir nossos reais valores, autênticos, consoantes com nosso espírito.

“Inocência é a criança, e esquecimento; um novo recomeço, um jogo, uma roda a girar por si mesma, um primeiro movimento, um sagrado dizer-sim”

As crianças são anarquistas por natureza. Seu objetivo não é carregar valores, nem tampouco destruí-los. Sua independência é voltada para a criação! Razão e emoção trabalhando em uníssono! Se os valores antigos foram destruídos pelo leão, então a criança é livre para criar.

A verdadeira liberdade é jogar um jogo em que nosso espírito que define as regras, para o bem e para o mal. Levar a vida como deve ser, de forma livre e quase inocente. Tentando a cada dia criar um mundo novo. Este é o verdadeiro espírito criativo

Fonte
Rafael Trindade (Site Razão Inadequada)
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São Magaiver

Santo protetor da Criatividade e da capacidade de nos adaptarmos à novas situações de maneiras inusitadas. Ele é o mestre das soluções de problemas, um verdadeiro modelo de comportamento no que diz respeito à utilização do que se tem a mão para resolver problemas dos mais diferentes tipos.

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