A diferença entre plágio, cópia, referência e homenagem
As fronteiras são tênues e por isso mesmo vale a pena discutir o assunto
Quando uma ideia que se parece ou tem aspectos claramente identificados com outra, fica muito difícil analisar as reais intenções do autor. Depende mais da boa vontade (ou má) do observador do que qualquer tipo de fronteira palpável e definida. É inegável que qualquer produção criativa parte de conceitos já existentes e consagrados. Não existe criar a partir do nada, do zero absoluto. Sempre, sempre estaremos utilizando as informações que nos cercam. E os limites são verdadeiramente tênues.
Eu posso ler um livro do Saramago, me encantar com a forma como ele constrói as frases e tentar adaptá-la à minha escrita. Posso admirar os quadros de Matisse e absorver seu estilo, misturando-o com o meu. Tudo isso é natural. Mais que natural, é como acontece com todos os artistas. O problema é quando você exagera na quantidade de elementos utilizados por seus inspiradores, copiando pedaços inteiros e claramente retirados da obra original. Mas, mais uma vez, qual é o limite? Não sei. Acho que é o do caráter de cada um.
“Bons artistas copiam, grandes artistas roubam.” Pablo Picasso
A imitação e a emulação

Mimeses é um termo crítico e filosófico que abarca uma variedade de significados, incluindo a imitação, representação, mímica, imitatio, a receptividade, o ato de se assemelhar, o ato de expressão e a apresentação do eu. Figura de retórica que se baseia no emprego do discurso direto e essencialmente na imitação do gesto, voz e palavras de outrem. Imitação verossímil da natureza que constitui, segundo a estética aristotélica e clássica, o fundamento de toda a arte.
O termo surgiu com Platão que tentou definir o vocábulo em seus diálogos, em “a mais completa discussão acerca da natureza da arte que recebemos do mundo antigo”, porém não consegue um sentido fixo para a palavra. Aristóteles em “A Arte Poética” irá tratar como temática principal de sua obra, e atribui a mimese dois significados: o da imitação e o da emulação.
Só para dar um exemplo prático, os dois parágrafos acima foram inteiramente copiados do Wikipedia. Eu poderia dizer que era meu, mas aí seria plágio, portanto desonesto.

Plagiar já foi uma virtude
Houve uma época em que o plágio não era considerado um crime, ao contrário, era até apreciado. Para Theodoro de Banville, poeta e escritor francês do século XIX, o plágio durante a Renascença não só era uma coisa permitida, como honrosa, recomendável. Chegou-se a afirmar à época que as ideias dos que os precederam faziam parte do que se chamava de “fundo comum”, do qual os autores retiravam o que lhes conviesse. La Fontaine, que nem se preocupou em assumir a autoria de suas fábulas, era acusado de plagiar Esopo. Shakespeare extraiu seu Hamlet das novelas de Mateo Bardelo. Molière jamais escondeu onde buscava “inspiração” para suas famosas obras, como Don Juan, que foi “baseada” em El burlador de Sevilla y convidado de piedra do espanhol Tirso de Molina.
Fonte: Direitos autorais da obra literária, de Paulo Oliver.
Todas as semanas publicamos um exercício novo. Não deixe de fazê-los. Repita algumas vezes. Se achar que precisa de mais, procure mais exercícios na internet. Crie uma rotina e não falhe. Posso garantir que sua capacidade criativa vai crescer conforme sua experiência. Boa sorte.