Almanaque Criativo

Como eram tratadas as fake news na Idade Média

Os homens eram impiedosos com as esposas fofoqueiras

Que futebol, que nada! A fofoca sempre foi e continua sendo o esporte preferido em praticamente todos os países do mundo. Nos dias de hoje, línguas em excelente forma física e mental têm levado esta prática esportiva muito a sério, com disciplina e perseverança, exercendo uma influência impressionante sobre a vida de todos. Na verdade, não é bem a língua, mas os dedos. As fake news nada mais são do que a fofoca elevada à infinitésima potência. Fuxico com fermento.

Antigamente, quando a dona Maricota comentava sem nenhuma maldade com suas vizinhas que o Nestor, casado com a Madalena, sempre chegava bêbado em casa, o raio de ação deste mexerico, como se dizia, se restringia a, no máximo, o próprio bairro, sem maiores repercussões nem implicações para o Nestor e sua resignada esposa.

Mas hoje, um simples post numa rede social pode acabar com a reputação de quem quer que seja. Um grande e grave problema que tem captado a atenção de todos a nível mundial, sendo que suspeita-se até de interferência nas eleições dos Estados Unidos. Mas apesar do nome novo, as fake news não passam fofocas com algorítmo.

E está difícil encontrar os verdadeiros propagadores dos babados digitais. Já na idade média, o problema era rápida e facilmente resolvido. As fofoqueiras, quando descobertas, enfrentavam humilhação pública, forçadas por seus maridos a usar as Scold’s Bridle, ou numa tradução livre, bem livre mesmo, as Rédeas para Sirigaitas. Eram horas e horas de sofrimento e… silêncio.

Punição exagerada para a tagarelice inocente, as rédeas eram compostas de várias tiras de ferro dispostas em volta da cabeça como uma máscara. Um pequeno pedaço de ferro, conhecido como “brida”, era colocado dentro da boca, pressionando a língua ferina para impedi-la de falar, parecido com o freio usado em cavalos. Às vezes, as rédeas tinham uma ponta que perfuravam as más línguas se a fofoqueira insistisse em fazer algum comentário.

Como se a máscara de ferro e suas rédeas não fossem suficientemente humilhantes para as futriqueiras, os maridos prendiam uma coleira em seus pescoços e as levavam para dar um passeio pela cidade, encorajando os transeuntes a insultá-las e até a cuspirem nelas. Um toque de crueldade era colocar um sininho no topo da máscara para atrair mais atenção durante a caminhada.

Nas melhores casas do ramo

Mas este tipo de punição não era exatamente uma ideia inovadora. Na religião cristã, acreditava-se que punir o corpo era a única maneira de expiar os pecados e entender mais profundamente o peso dos crimes contra a igreja em geral. Gaiolas de cabeça semelhantes foram usadas também para controlar escravos quase até o século XIX.

As Rédeas para Sirigaitas começaram a perder mercado consumidor no fim do século XVI, provavelmente porque quando as mulheres estavam sem elas conseguiram convencer os maridos a acabar com aquela violência sem sentido. Foi o que me disseram. Só estou repassando.

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Lena Feil

Gaúcha de nascimento e cidadã do mundo por opção, é formada em Desenho Industrial e Psicologia, é feminista e pensadora em período integral. Usa o cérebro para entender o cérebro. Estudiosa do comportamento e da criatividade, entusiasta da vida, viciada em novidades, em filosofia, no ser humano e em coisa mundanas também. É absolutamente fascinada por crianças, adora café, ama viajar, é geralmente divertida, e – às vezes – esnobe. Hoje, atua com Coolhunter do Portal Mentes Criativas, sempre em busca do que existe de mais subversivo, inteligente e relevante em todas as partes do mundo.

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