A origem negra de uma máscara do Carnaval de Veneza
Crédito da foto: Máscara de Médico da Peste Schnabel de Tom Banwell
O Carnaval de Veneza começou no século XVIII como uma série de festividades onde pessoas de todos os status sociais se reuniam usando máscaras e fantasias para não serem reconhecidas, aproveitando os prazeres da vida noturna, sem culpa. Cada uma dessas máscaras e fantasias têm sua própria história. E a Máscara dos Médicos da Peste talvez seja a mais interessante de todas.

A peste bubônica, também conhecida como a Peste Negra, foi uma das doenças mais letais já enfrentadas pela raça humana. Durante a segunda série de epidemias de peste na Europa, que durou desde o início do século XIV até o início do século XVIII, a Peste matou mais de 70 milhões de pessoas.
Apesar de ser transmitida por picadas de pulgas, mordidas de ratos, contato com alimentos contaminados, fluidos, tecidos e gotículas infecciosas no ar, os Médicos da Peste, como eram chamados, acreditavam na Teoria do Miasma, que defendia a ideia de que a doença era disseminada por maus cheiros que emanavam do lixo, carne em decomposição e várias outras substâncias que eram consideradas impuras, uma forma nociva de “ar ruim”.
O traço mais marcante do uniforme de médico da peste era a máscara parecida com uma ave de bico, projetada para impedir que o usuário inalasse o ar fedorento que se pensava disseminar a doença. Por isso, o bico da máscara era comprido para poder ser preenchido com uma mistura de flores secas, ervas medicinais e especiarias perfumadas.

A máscara era parte do “Traje dos Médicos da Peste”, um tipo de uniforme criado supostamente pelo médico francês Charles de Lorne em 1619. Ele projetou a máscara de bico para ser usada junto a um pesado sobretudo como uma forma de proteção da cabeça aos pés, modelado em uma armadura de soldado, protegendo o usuário de qualquer contato físico com a população infectada.
Embora o Traje dos Médicos da Peste fossem elaborados e projetados para impedir que os usuários contraíssem a doença, os desavisados doutores frequentemente também sucumbiam à praga.
A Teoria do Miasma permaneceu como a principal explicação para muitas infecções, incluindo cólera e malária, até a segunda metade do século 19.
Atualmente, até 3.000 pessoas contraem a peste todos os anos, mas a doença é efetivamente tratada com antibióticos. Sem máscaras.