O que é criatividade (pigarro), por Cássio Zanatta
Exclusivo para Escola Nômade para Mentes Criativas
Pois então vou revelar a todos o que é criatividade. (Alguém me chamou uma vez de criativo e fiquei todo assim, me sentindo no direito de cagar regra). Mas aí rola um pequeno problema. Definir o que é, o que significa, quando se manifesta a criatividade.
Bom, criatividade é quando – opa, toda definição que já lasca um “é quando” está furada. Criatividade, como diria McLuhan (mas, caramba, não perguntaram a McLuhan, perguntaram a você)…
Muito bem. Então vamos tentar. Na minha ridícula e desimportante opinião: criatividade é um susto. Um susto bom, uma luz que acende, um raio que cai, um entusiasmo que baixa na gente, a sensação de ter olhos na nuca, de fechar o cubo mágico sendo daltônico.
Como neste país tudo passa pelo futebol, vou usar uma boa imagem de alguém que definiu, afinal, o que é um craque. Craque é quem decide. Naquele lance, acha um jeito de encobrir o goleiro, tocar de calcanhar, vencer o jogo para pasmo, surpresa e humilhação estampada no rosto do goleiro.
Pois criativo é quem resolve. Quem acha o jeito mais simples, mais irritantemente simples, mais divertido, mais inesquecível, de resolver um problema.
Vale para a Publicidade, vale para compor uma Sinfonia, vale para Arquitetura, até para entender o que escreveu Manuel Bandeira vale.
A coisa mais difícil do mundo é definir o que quer que seja. Procure definir nuvem. Poeira. Canudinho. Beleza. Pois definir criatividade é ainda mais difícil. Um bom começo é escrever a palavra em minúscula, para tirar o ar de coisa de ungidos, escolhidos pelos deuses, algo inalcançável.
A criatividade é, antes de tudo, simples. Porque é algo que a gente sente, não tem em manual, não se aprende em curso algum (o curso ensina técnica, ética, condutas, o que é diferente).
Você sente quando é tomado por esta entidade chamada criatividade (ó: rimou).
Você se descobre criativo. Você não sabe fazer outra coisa (se tenta, faz meio mal) a não ser ser criativo.
Você não sossega enquanto não escreve o conto. Não dorme enquanto não cria a melodia. Não relaxa enquanto não projeta o edifício. Não se conforma enquanto não filma ou fotograva ou pinta a cena – que, na verdade, existe mais na sua cabeça do que no mundo lá fora.
Ser criativo é dizer uma bobagem que vem à sua cabeça e todos olham pra você como para um gênio. É ser o esquisito da família, o consultado a dar uma opinião em casa que ninguém mais daria, o orgulho da mamãe se mamãe entendesse o que você faz.
É não chorar pelo leite derramado, é escrever certo por linhas tortas mesmo não sendo Deus, é se achar e se perder e se achar e se perder, não necessariamente nesta ordem.
É isso. Ou deve ser, sei lá.
Se você não entendeu nada, este é o problema da Criatividade: Às vezes é difícil de achar e dar sentido. Mas vai tentando. Uma hora ela se revela a você. Geralmente, quando todo mundo pede o sorvete de creme, morango ou chocolate e você pede o de erva cidreira.
Adorei. E tem gente complica né?!